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7/16/2013

Mesmo em meus sonhos...




É mais uma noite. Mais uma noite em que o seu cheiro peculiar, característico e sempre tão único, invade os meus sentidos como um intruso. Um doce intruso. O calor dos seus braços me envolvem e me aquecem como jamais nada ousaria tentar se comparar. Com aquele sentimento tão frenético e  inigualável tomando conta de todo meu peito, se alastrando sorrateiro por minhas entranhas, me trazendo vida, me trazendo amor.

Era isso o que você me trazia. Era isso o que cada parte de você me proporcionava. Cada gesto, cada ato, cada detalhe. Você. A única parte de mim que eu jurava que jamais perderia. Tudo o que eu sempre quis, tão perto e ao mesmo tempo tão distante. O que mais eu poderia desejar, quando o desconhecido que eu tanto temia, havia trazido tudo o que eu mais ansiava? Você era a vida. Eu, apenas parte dela.

Quando seus lábios revelavam o mais lindos dos sorrisos, corria por minha mente a possibilidade de morrer. Era possível morrer de felicidade? Sentir que seu peito vai explodir por se sentir tão viva, tão imensuravelmente completa? Quando seus dedos corriam lentamente por toda minha epiderme, quando cada pelo que havia em meu corpo se arrepiava em resposta, quando eu ouvia a melodia agitada que se instalava em seu tórax... eu tinha a certeza de que você era tão meu, quanto eu já era completamente sua.

Eu não sabia que poderia fazer seu coração trabalhar naquele ritmo tão descompactado. Sempre pensei que aquela sensação de que meu coração iria explodir cada vez que te via cabia só a mim e a mais ninguém. Sempre pensei que eu era a única a ter cada pedaço do meu corpo completamente devoto à um sentimento que até então eu desconhecia. Mas naquele momento, você me mostrou. Me mostrou que não havia mais espaço em mim para algo vazio, sem vida. Vida. Você me preencheu dela. Com um sopro de esperança quando eu pensava que tudo se limitaria à ruínas. Então era você a minha salvação...

Só que agora, quando eu acordo e me dou conta que tudo não se passou de uma ilusão bem feita, perfeitamente arquitetada por minha mente para brincar com tudo o que mais me assombrava, eu me pergunto: quem me salvaria de você? Quem me traria esperança de que um dia, o vazio que você deixou junto da sua indiferença e seu desdém, seriam finalmente preenchidos novamente por vida?

Enquanto a realidade trazia os questionamentos que meus doces sonhos não hesitavam em ocultar, a solidão que se apossava de tudo o que um dia eu jurei ser seu. Tudo, menos aquela esperança estúpida de um dia, tudo deixaria de se tornar uma brincadeirinha de mal gosto, para se tornar realidade. Ser sua, completamente, literalmente, toda sua. Mas isso eu já sou, não é mesmo? Inteiramente. Não suficientemente. Mas quando... Quando nessa realidade cruel e lancinante, você seria meu? Não por partes, mas por inteiro. Corpo, alma, coração. Como em meus sonhos. Como minhas esperanças idealizavam.

No final das contas, eu nunca fui seu mundo. Mas você é, e sempre será o meu.

4/28/2013

Aquilo que você me deixou



Já perdi as contas de quantas vezes tentei expressar em palavras, o mar de sensações e sentimentos que tive durante esses oito anos. Tudo o que passei a conhecer, sentir, a partir do momento em que olhei nos seus olhos. Aquele dia em que me perdi no desconhecido que eu pensava não ser nada, mas que deixou um rastro de estragos que nada nem ninguém jamais vai conseguir apagar, ou concertar. Talvez você.

Eu ainda me lembro da sensação de se sentir patética, vulnerável. Aquela que me preenchia de tal forma, que transbordava por meus olhos quando o escuro do meu quarto me acolhia. Me lembro também daquela que eu passei a conhecer quando te vi nos braços de outra, desejando com todas as forças do meu ser estar no lugar dela. E tem aquela também de quando você me olhou com aquele olhar que mesmo nos dias de hoje, eu não gosto da ideia de tentar decifrar por medo do estrago se tornar ainda maior.

De quem foi a culpa? Minha por ter te amado demais, ou sua por simplesmente não se importar? De quem é a culpa por tudo o que eu me tornei, por tudo o que eu temo não sentir novamente, minha ou sua? Quando tudo isso vai passar? Até quando eu vou acordar de um sonho com medo de que um dia eu simplesmente não queira mais acordar? Eu queria tanto essas respostas...

O amor tudo sofre, tudo tudo crê, tudo espera, tudo suporta... E essa é a prova mais viva.

Todos os meus sonhos, aqueles em que você me diz que me ama e que preferiria estar sozinho a não estar comigo... eu guardo. Assim como todas as palavras, os gestos, as lembranças, o seu rosto. Eu os guardo. Na esperança de que algum dia alguém vai me livrar desse sentimento que me prende a você mesmo através da distância, do tempo, da dor. Eu espero pela pessoa que vai tornar todo o vazio e mágoa que você me deixou em um sentimento puro, o mesmo que eu passei anos nutrindo por você.

E nesse dia, eu saberei que olhar nos seus olhos, talvez não tenha sido a pior coisa que me aconteceu. Perder algo que nunca foi meu não será mais doloroso como foi um dia. Permitir lágrimas escorrerem por minha face ao ver uma foto sua com ela vai se tornar uma opção. E você... Bem, você vai apenas se tornar um fantasma. Um fantasma que eu prefiro chamar de amor platônico.

1/23/2013



"I never said thank you for that. I thought I might get one more chance..."


"Você não pode simplesmente ir embora, não pode." Foram essas as exatas palavras que eu ouvi antes de entrar naquele carro com aquelas lágrimas manchando meu rosto, marcando mais um momento por qual eu teria que passar para conseguir finalmente me livrar daquilo. Me livrar dele.

Eu não podia? Claro que eu podia. Em qual momento eu pude me sentir bem, sem pensar ou cogitar que a qualquer minuto eu teria que lidar com aquela visão perturbadora? Em que momento eu não imaginei como seria sentir aquele sentimento horrível e avassalador me carregar pra baixo novamente? Eu não suportaria mais. Eu não tinha mais forças. Não haveria uma vida em que eu conseguiria lidar com aquilo. 

Lidar em viver sem ele. Lidar viver com ele não estando em meus braços, mas sim no da minha melhor amiga.

Melhor amiga... 

Ou deveria dizer minha família? Pai, mãe... Eles não eram bem o que eu chamava de família. Nunca fomos. Talvez nunca seríamos. Mas quer saber? Isso não me afetava mais. Eu a tinha, ela estava lá por mim. Brigando com quem fosse só para me proteger, me abraçando quando sabia que aquilo seria tudo o que eu precisava. Como eu poderia viver com aquilo? Como eu conseguia ver aquilo? Lidar com aquilo? Eu não estava preparada, e não estaria nunca.

"Você sabe que isso não é verdade, Lucas." Foi tudo o que saiu da minha boca. Palavras tão fracas quanto um suspiro, embargadas por um choro. Mais um que ele seria o motivo, mas dessa vez havia tanta mágoa que por um momento eu pensei que eu não conseguiria. Eu realmente cogitei que não seria forte o suficiente, que desabaria e mais um vez faria com que a piedade pairasse sobre os olhos dele. Eu não saberia dizer da onde saiu aquele momento de força, mas agora eu havia aprendido.

É como dizem, você nunca sabe o quão forte pode ser, até que o momento pede por isso. E eu tinha que ser forte, porque tudo aquilo, todas aquelas palavras, aqueles momentos... Eles não seriam simplesmente apagados. Tinha uma prova viva disso dentro de mim agora.

"Eu te amo, Brooke!" Mentira.

"Eu te amo..." Mentiroso.

"Eu sou o cara pra você." Não, você não é. Não mais. Não mais, Lucas...

Aqueles rumores... Você nunca acreditou em mim. Não queria enxergar, não é Lucas? É difícil, não é? Dói tanto que tudo o que eu mais gostaria é que parasse. Eu poderia parar meu coração e arrancá-lo para que assim ele parasse de bater tão rapidamente ao ouvir sua voz. Ao sentir seu cheiro, seu toque. Mas eu não consigo. Não posso. Eu não posso ser tão egoísta assim, não quando essa questão não envolve somente a mim.

Mas eu faria.

E então? Agora está tudo na mão de um destino que eu desconheço. O desconhecido que agora me encara e me faz querer voltar, voltar pros seus braços. O medo se torna meu melhor amigo. Não há mais Peyton, ou sequer Haley. Só a solidão, um pouco de medo e uma bagagem. Um recomeço. Meus pilares todos caíram, assim como eu estou desmoronando agora. Contudo, essa força, essa mesma que eu achei para conseguir dar esse passo, eu vou usá-la para me levantar.

E quer saber? Foi tão bom olhar nos seus olhos e por um momento, pensar que eu poderia estar errada. Acreditar que você é sim o cara pra mim, o cara que me faria feliz, que me daria a família que eu nunca tive, ou então, que faria toda aquela dor valer a pena. Eu não seria mais uma, Luke. Eu seria a Brooke, a sua Brooke. E esse pedaço seu que eu carrego agora, seria visto como todas as coisas boas que passamos juntos, tudo o que sonhamos em ser, tudo o que poderíamos ser.

- Senhorita?

- Uh?

- Chegamos. Aeroporto, certo? - O taxista parecia receoso, olhando-me como se eu não fosse desse planeta. Talvez toda garota que fosse vista chorando na frente de um desconhecido parecesse um E.T. Não era culpa dele.

- Uh, certo. Qual seu nome? - Perguntei curiosa, mais alguns minutos não me matariam.

- Jared. - Ele disse em meio a confusão que agora parecia estar em sua cabeça. O que aquela garota estranha e chorona poderia estar querendo ao perguntar seu nome? Talvez nem mesmo essa garota pudesse responder essa pergunta.

- Ok Jared. Você tem filhos?

Ele sorriu. Um sorriso tímido pairou em seus lábios, e naquele momento, eu obtive a minha resposta.

Abri a porta, dando a Jared certa contia em dinheiro para logo depois me deparar com a grande entrada do aeroporto. A porta que me levaria a toda uma nova vida. Um novo livro a ser escrito. Um futuro incerto que me esperava. E mais um pouco de grandes escolhas a serem feitas, algumas surpresas não tão agradáveis pelo caminho. No entanto, no final das contas, é isso o que chamam de vida, não é mesmo?

Fui até o porta malas em busca da minha bagagem, e Jared me seguiu.

- Senhorita, isso é muito além do que deve ser pago pela corrida. - Ele me olhou confuso, e eu ri. Pela segunda vez naquele dia, um sorriso sincero.

- É um presente. Pros seus filhos... - Peguei minhas malas, observando a confusão que ainda se expressava em suas feições marcadas pelo tempo.

- Mas eu não havia respondido sua pergunta, senhorita. E se eu não tiver?

Apenas sorri. Tirei do fundo do meu âmago um sorriso tão genuíno quanto aquele que ele havia esboçado quando lhe fiz aquela pergunta. Quando ele havia me dado a resposta que eu tanto procurava.

- Eu já tenho minha resposta, Jared. Obrigada! - Fechei o porta malas confiante, esperançosa.

Meu futuro me esperava e dessa vez, eu pedia aos céus para que tudo desse certo para nós. Não era por respostas que eu procurava, afinal, nós nunca teremos uma resposta certa em meio a tantas. É coisa da vida, não questiono. Não mais. Havia algo maior do que eu imaginava a minha espera. 

Aquelas cicatrizes permaneceriam ali, e eu sabia que aqueles fantasmas me seguiriam para onde quer que eu fosse. Porém, de agora em diante, o tempo seria meu amigo. O destino o meu companheiro. E a vida, bem... Ela segue.

Pessoas, no final das contas, não são insubstituíveis. Talvez seja por isso que elas sempre vão embora...

1/08/2013

Um olá, um adeus e mais uma volta



Ano novo, sinônimo de toda uma nova jornada de 365 dias e um novo começo. "Ah, mas isso não quer dizer nada, só que a Terra fez a volta completa em torno do Sol" Foda-se. Vocês podem ter o ponto de vista que quiserem, o cientifico, o filosófico, tanto faz! Tudo novo de novo, esse é o meu. 

Todas aquelas bobeiras de pra sempre e até que a morte nos separe acaba a cada novo começo, nós bem sabemos, nem todas as pessoas vem para ficar. Nem todas vão suportar as mudanças, nem tudo o que reluz é ouro, não é mesmo? O que nos resta é guardar todas essas lembranças naquela parte obscura do seu âmago que você sabe que não vai querer mexer, mas que ainda assim, vai vir a tona e lhe mostrar que nem todos os momentos são só momentos ruins. É assim que os seres humanos fazem, não é mesmo? Não há porque relutar. 

Como diria a sábia Lilian Tonet em uma frase bastante clichê: "As pessoas entram em nossas vidas por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem." E da mesma forma que elas vieram, elas se vão. Ora ou outra o ser humano é obrigado a entender que tudo que começa com um "hello", termina com um "goodbye". É a lei da vida, não é diferente de nenhuma outra, vai acontecer. Depende de você estar preparado pra isso, e esse ano eu pude perceber que muitas vezes você simplesmente não quer estar preparado. Pior cego é o que não quer ver.

E acreditem, por experiência própria, quando você passa a enxergar é como se uma dádiva fosse lhe dada. Sentir a sensação inebriante de se livrar daquilo  em que você tanto se segurava por estar cega, por achar que não suportaria viver sem, é inexplicável. Se sentir livre daquela agonia que nos ronda sempre que percebemos que estamos no lugar errado, mas ainda assim achamos que estamos com as pessoas certas e por isso insistimos como idiotas no erro.... 

Não façam isso, let it go. Guarde os momentos bons, lembre-se dos ruins sempre que seu coração tentar lhe passar a perna, e siga em frente. Entre momentos como esse é que eu pude perceber que nada nessa vida é insubstituível. Assim como você não será na vida dessas pessoas, elas não devem ser na sua vida. 

Um grande ano, grandes aprendizados me foram dados com ele. Talvez não tenha sido assim tão bom, até porque, nenhum aprendizado vem sem alguns machucados. Mas ainda acredito e tenho fé que esse novo ano será de boa serventia para curá-los, para criar outros, e assim seguir com as leis da vida. Enquanto estamos respirando, vivendo, estaremos aprendendo. 

Quanto mais perceptivo você se torna, mais sabedoria você adquire. E enquanto estarão tentando lhe tirar tudo: roupas, acessórios, dinheiro, e tudo aquilo que você acreditou ser tudo o que você tinha de grande valia, lembre-se que sempre isso permanecerá. É seu, querido padawan. É a sua riqueza, o seu intelectual. Jamais poderá ser roubado, jamais será apagado.


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