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1/23/2013



"I never said thank you for that. I thought I might get one more chance..."


"Você não pode simplesmente ir embora, não pode." Foram essas as exatas palavras que eu ouvi antes de entrar naquele carro com aquelas lágrimas manchando meu rosto, marcando mais um momento por qual eu teria que passar para conseguir finalmente me livrar daquilo. Me livrar dele.

Eu não podia? Claro que eu podia. Em qual momento eu pude me sentir bem, sem pensar ou cogitar que a qualquer minuto eu teria que lidar com aquela visão perturbadora? Em que momento eu não imaginei como seria sentir aquele sentimento horrível e avassalador me carregar pra baixo novamente? Eu não suportaria mais. Eu não tinha mais forças. Não haveria uma vida em que eu conseguiria lidar com aquilo. 

Lidar em viver sem ele. Lidar viver com ele não estando em meus braços, mas sim no da minha melhor amiga.

Melhor amiga... 

Ou deveria dizer minha família? Pai, mãe... Eles não eram bem o que eu chamava de família. Nunca fomos. Talvez nunca seríamos. Mas quer saber? Isso não me afetava mais. Eu a tinha, ela estava lá por mim. Brigando com quem fosse só para me proteger, me abraçando quando sabia que aquilo seria tudo o que eu precisava. Como eu poderia viver com aquilo? Como eu conseguia ver aquilo? Lidar com aquilo? Eu não estava preparada, e não estaria nunca.

"Você sabe que isso não é verdade, Lucas." Foi tudo o que saiu da minha boca. Palavras tão fracas quanto um suspiro, embargadas por um choro. Mais um que ele seria o motivo, mas dessa vez havia tanta mágoa que por um momento eu pensei que eu não conseguiria. Eu realmente cogitei que não seria forte o suficiente, que desabaria e mais um vez faria com que a piedade pairasse sobre os olhos dele. Eu não saberia dizer da onde saiu aquele momento de força, mas agora eu havia aprendido.

É como dizem, você nunca sabe o quão forte pode ser, até que o momento pede por isso. E eu tinha que ser forte, porque tudo aquilo, todas aquelas palavras, aqueles momentos... Eles não seriam simplesmente apagados. Tinha uma prova viva disso dentro de mim agora.

"Eu te amo, Brooke!" Mentira.

"Eu te amo..." Mentiroso.

"Eu sou o cara pra você." Não, você não é. Não mais. Não mais, Lucas...

Aqueles rumores... Você nunca acreditou em mim. Não queria enxergar, não é Lucas? É difícil, não é? Dói tanto que tudo o que eu mais gostaria é que parasse. Eu poderia parar meu coração e arrancá-lo para que assim ele parasse de bater tão rapidamente ao ouvir sua voz. Ao sentir seu cheiro, seu toque. Mas eu não consigo. Não posso. Eu não posso ser tão egoísta assim, não quando essa questão não envolve somente a mim.

Mas eu faria.

E então? Agora está tudo na mão de um destino que eu desconheço. O desconhecido que agora me encara e me faz querer voltar, voltar pros seus braços. O medo se torna meu melhor amigo. Não há mais Peyton, ou sequer Haley. Só a solidão, um pouco de medo e uma bagagem. Um recomeço. Meus pilares todos caíram, assim como eu estou desmoronando agora. Contudo, essa força, essa mesma que eu achei para conseguir dar esse passo, eu vou usá-la para me levantar.

E quer saber? Foi tão bom olhar nos seus olhos e por um momento, pensar que eu poderia estar errada. Acreditar que você é sim o cara pra mim, o cara que me faria feliz, que me daria a família que eu nunca tive, ou então, que faria toda aquela dor valer a pena. Eu não seria mais uma, Luke. Eu seria a Brooke, a sua Brooke. E esse pedaço seu que eu carrego agora, seria visto como todas as coisas boas que passamos juntos, tudo o que sonhamos em ser, tudo o que poderíamos ser.

- Senhorita?

- Uh?

- Chegamos. Aeroporto, certo? - O taxista parecia receoso, olhando-me como se eu não fosse desse planeta. Talvez toda garota que fosse vista chorando na frente de um desconhecido parecesse um E.T. Não era culpa dele.

- Uh, certo. Qual seu nome? - Perguntei curiosa, mais alguns minutos não me matariam.

- Jared. - Ele disse em meio a confusão que agora parecia estar em sua cabeça. O que aquela garota estranha e chorona poderia estar querendo ao perguntar seu nome? Talvez nem mesmo essa garota pudesse responder essa pergunta.

- Ok Jared. Você tem filhos?

Ele sorriu. Um sorriso tímido pairou em seus lábios, e naquele momento, eu obtive a minha resposta.

Abri a porta, dando a Jared certa contia em dinheiro para logo depois me deparar com a grande entrada do aeroporto. A porta que me levaria a toda uma nova vida. Um novo livro a ser escrito. Um futuro incerto que me esperava. E mais um pouco de grandes escolhas a serem feitas, algumas surpresas não tão agradáveis pelo caminho. No entanto, no final das contas, é isso o que chamam de vida, não é mesmo?

Fui até o porta malas em busca da minha bagagem, e Jared me seguiu.

- Senhorita, isso é muito além do que deve ser pago pela corrida. - Ele me olhou confuso, e eu ri. Pela segunda vez naquele dia, um sorriso sincero.

- É um presente. Pros seus filhos... - Peguei minhas malas, observando a confusão que ainda se expressava em suas feições marcadas pelo tempo.

- Mas eu não havia respondido sua pergunta, senhorita. E se eu não tiver?

Apenas sorri. Tirei do fundo do meu âmago um sorriso tão genuíno quanto aquele que ele havia esboçado quando lhe fiz aquela pergunta. Quando ele havia me dado a resposta que eu tanto procurava.

- Eu já tenho minha resposta, Jared. Obrigada! - Fechei o porta malas confiante, esperançosa.

Meu futuro me esperava e dessa vez, eu pedia aos céus para que tudo desse certo para nós. Não era por respostas que eu procurava, afinal, nós nunca teremos uma resposta certa em meio a tantas. É coisa da vida, não questiono. Não mais. Havia algo maior do que eu imaginava a minha espera. 

Aquelas cicatrizes permaneceriam ali, e eu sabia que aqueles fantasmas me seguiriam para onde quer que eu fosse. Porém, de agora em diante, o tempo seria meu amigo. O destino o meu companheiro. E a vida, bem... Ela segue.

Pessoas, no final das contas, não são insubstituíveis. Talvez seja por isso que elas sempre vão embora...

1/08/2013

Um olá, um adeus e mais uma volta



Ano novo, sinônimo de toda uma nova jornada de 365 dias e um novo começo. "Ah, mas isso não quer dizer nada, só que a Terra fez a volta completa em torno do Sol" Foda-se. Vocês podem ter o ponto de vista que quiserem, o cientifico, o filosófico, tanto faz! Tudo novo de novo, esse é o meu. 

Todas aquelas bobeiras de pra sempre e até que a morte nos separe acaba a cada novo começo, nós bem sabemos, nem todas as pessoas vem para ficar. Nem todas vão suportar as mudanças, nem tudo o que reluz é ouro, não é mesmo? O que nos resta é guardar todas essas lembranças naquela parte obscura do seu âmago que você sabe que não vai querer mexer, mas que ainda assim, vai vir a tona e lhe mostrar que nem todos os momentos são só momentos ruins. É assim que os seres humanos fazem, não é mesmo? Não há porque relutar. 

Como diria a sábia Lilian Tonet em uma frase bastante clichê: "As pessoas entram em nossas vidas por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem." E da mesma forma que elas vieram, elas se vão. Ora ou outra o ser humano é obrigado a entender que tudo que começa com um "hello", termina com um "goodbye". É a lei da vida, não é diferente de nenhuma outra, vai acontecer. Depende de você estar preparado pra isso, e esse ano eu pude perceber que muitas vezes você simplesmente não quer estar preparado. Pior cego é o que não quer ver.

E acreditem, por experiência própria, quando você passa a enxergar é como se uma dádiva fosse lhe dada. Sentir a sensação inebriante de se livrar daquilo  em que você tanto se segurava por estar cega, por achar que não suportaria viver sem, é inexplicável. Se sentir livre daquela agonia que nos ronda sempre que percebemos que estamos no lugar errado, mas ainda assim achamos que estamos com as pessoas certas e por isso insistimos como idiotas no erro.... 

Não façam isso, let it go. Guarde os momentos bons, lembre-se dos ruins sempre que seu coração tentar lhe passar a perna, e siga em frente. Entre momentos como esse é que eu pude perceber que nada nessa vida é insubstituível. Assim como você não será na vida dessas pessoas, elas não devem ser na sua vida. 

Um grande ano, grandes aprendizados me foram dados com ele. Talvez não tenha sido assim tão bom, até porque, nenhum aprendizado vem sem alguns machucados. Mas ainda acredito e tenho fé que esse novo ano será de boa serventia para curá-los, para criar outros, e assim seguir com as leis da vida. Enquanto estamos respirando, vivendo, estaremos aprendendo. 

Quanto mais perceptivo você se torna, mais sabedoria você adquire. E enquanto estarão tentando lhe tirar tudo: roupas, acessórios, dinheiro, e tudo aquilo que você acreditou ser tudo o que você tinha de grande valia, lembre-se que sempre isso permanecerá. É seu, querido padawan. É a sua riqueza, o seu intelectual. Jamais poderá ser roubado, jamais será apagado.


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